quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O madeireiro Benedito de Souza Dias



Na localidade Porto Olaria o empresário marajoara Benedito Dias me convida a ver sua serraria, a Madeireira Jacaré Grande. Um conjunto de galpões com bastante uso nas margens do Rio Parauaú no Arquipélago do Marajó, nas proximidades do Estreito de Breves. Já teve cem funcionários registrados para estufar (secar a madeira na estufa) e fazer o acabamento. “Em 2007 o manejo travou e a partir daí deixei de faturar 200 mil reais por mês” me diz explicando que as leis ambientais de manejo e conservação das florestas estão muito exigentes limitando o trabalho dos aventureiros e das madeireiras clandestinas. Desde então a cidade de Breves com 85 mil habitantes vê o desemprego, a criminalidade e prostituição crescendo. O município vive basicamente da exploração de madeira. Como uma compensação é “permitida” a fabricação de cabos de vassoura em pequenas serrarias nas beiras dos rios.
“Tenho cinco projetos de manejo e conto com dois como certos” fala com certo otimismo querendo dizer que a madeireira vai voltar aos tempos de muito movimento.
Não ouvi nenhum motor ligado. Três funcionários em todo o conjunto. Uma pá carregadeira de pouco uso transita entre dois prédios. Seu filho Everson Dias estuda em Belém e vai fazer curso de pós graduação em direito ambiental em São Paulo ou Curitiba. "Para facilitar o trabalho de certificação e manejo dos projetos da familia" justifica.
Nos últimos quarenta nos Benedito navegou por quase todos os rios do arquipélago e lembra da época das embarcações a vela e dos mais de quarenta dias que teve de ficar no meio do mato cortando e serrando madeira. Durante a viagem Benedito me colocava a par das logísticas e das manhas da exploração de madeira. "A madeira movimenta muito dinheiro e rápido, mas quem provoca o desmatamento é o agricultor e o pecuarista, não o madeireiro" complementa.

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